quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Eu fico com a lembrança

Algumas vezes eu quase morri de saudade de você.Uma vez foi quando escutei aquela música, aquela que você dizia ser nossa, e pela primeira vez eu prestei atenção na letra, e me lembrei de como era lindo ver você cantando.Você está bem, ou finge estar, mas isso também não importa.Namora, casou, sei lá, com aquela garota que parece ser legal e tem cara de normal.Vez ou outra olho nossas fotos e me lembro de momentos e coisas boas.Às vezes penso que existia uma verdade entre a gente que nos fez amigos por tanto tempo.Hoje quase não nos vemos e quando raramente nos falamos você me diz frases envoltas pela maior frieza do mundo. É como se quisesse reafirmar que nem amigos somos mais.Sim, é verdade, nem sequer somos amigos. Mas eu caguei pra tudo isso e fico com seu abraço no último dia.Está melhor assim.Mas como aconteceu naquele dia, em que eu passei com meu novo amor e cruzei você com seu novo amor, não tem como a gente não olhar pra trás.

2 comentários:

Unknown disse...

é.....

B. disse...

Olha só o que eu li... achei interessante e, com algumas ressalvas, concordo!

"Muito se louvou a arte do encontro, mas poucos louvaram a arte do adeus. No entanto, não há gesto tão profundamente humano quanto uma despedida. É aquele momento em que renunciamos não apenas à pessoa amada, mas a nós mesmos, ao mundo, ao universo inteiro. O amor relativiza; a renúncia absolutiza. E não há sentimento mais absoluto do que a solidão em que somos lançados após o derradeiro abraço, o último e desesperado entrelaçar de mãos. Arrisco mesmo a dizer: só os amores verdadeiros acabam. Os que sobrevivem, incrustados no hábito de amar, podem durar uma vida inteira e podem até ser chamados de amor mas nunca foram ou serão um verdadeiro amor. Falta-lhes exatamente o Dom da finitude, abrupta e intempestiva. Qualidade só encontráda nos amores que infundem medo e temor da destruição. Não se vive o amor; sofre-se o amor. Sofre-se a ansiedade de não se poder retê-lo, porque as nossas cordas afectivas são muito frágeis para mantê-lo retido e domesticado como um animal de estimação. Ele é bravio e despedaça-nos a cada embate e por fim extingue-se e extingue-nos com ele. Aponta numa única direção: o rompimento. Pois só conseguiremos suportá-lo se ocultarmos do nossos sentidos o objecto dessa desvairada paixão. Mas não se pense que esse é um gesto de covardia. O grande amor exige isso. O rompimento é sua parte complementar. Uma maneira astuciosa de suspender a tragédia, ditada pelo instinto de sobrevivência de cada um dos amantes. Morrer um pouco para se continuar a viver. E poder usufruir daquele momento mágico, embebido de ternura, em que a voz falseia, as mãos abandonam e cada qual vê o outro afastar-se como se através de uma cortina líquida ou de um vitral embaçiado. Há todo um imaginário sobre os adeuses e as separações, construído pela literatura e pelo cinema. O cenário pode ser uma estação de comboios, um aeroporto (remember Casablanca), uma estaçao de camionagem. Pode ser uma praça ou uma praia deserta. Falésias ou ruínas de uma cidade perdida. Pode ate estar a chover ou a nevar, mas o vento é imprescindível. As nuvens devem revolutear no horizonte, como a sugerir a volubilidade do destino. Os cabelos da/o amada/o, longos e escuros, fustigam de leve os seus lábios entreabertos. Há sutis crispações, um discreto arfar de seios. E os olhos, ah!, os olhos... A visão é o último e o mais frágil dos sentidos que ainda nos une ao que acabamos de perder. Uma grande dor, uma solidão cósmica, um imenso sentimento de desterro. Que se curam algum tempo depois com um amor vulgar, desses feitos para durar uma vida inteira..."